Malo Clinic volta a pedir ajuda ao Novo Banco Empresa teve perdão de €27 milhões em 2019. Nova gestão pediu agora acesso às linhas covid-19. A Malo Clinic, detida pelo fundo Atena Equity Partners, solicitou ao Novo Banco um financiamento por causa de problemas de tesouraria. Mas o crédito ainda não chegou. Malo Clinic volta a pedir ajuda ao Novo Banco Mais de 20 médicos abandonaram a empresa desde a entrada da Atena Equity Partners. O novo acionista desvaloriza e confia na recuperação Miguel Prado | Diogo cavaleiro | [email protected] A Malo Clinic (MC), que em 2019 obteve do Novo Banco (NB) um perdão de dívida de €27 milhões, voltou a pedir o apoio daquela instituição financeira. A empresa, agora detida pelo fundo Atena Equity Partners, solicitou ao banco um financiamento ao abrigo das linhas covid-19, para fazer face a problemas de tesouraria. Mas o crédito ainda não chegou à empresa. "As empresas que foram forçadas a suspender a atividade em virtude desta crise solicitaram generalizadamente acesso à Linha de Apoio à Economia Covid-19 junto dos seus bancos principais, e a MC não foi exceção. O Novo Banco aprovou um novo apoio financeiro à MC ao abrigo desta linha, sujeito à aceitação da sua candidatura pela SGM [sociedade de garantia mútua]", diz ao Expresso o presidente executivo da Atena, João Santos. A MC está à espera que a linha "volte a estar disponível, para que este apoio possa ser concedido", acrescenta o gestor. A MC também avançou para um lay-off, pela via normal, mas "não recebeu ainda qualquer compensação da Segurança Social". E uma empresa a cumprir um acordo de recuperação ou plano especial de revitalização (PER) pode ter a linha de crédito do banco que reestruturou a sua dívida? José Maria Corrêa de Sampaio, sócio da Abreu Advogados, explica que "se não se destinar a substituir o crédito objeto do plano de pagamento do PER, e se a empresa cumprir os requisitos de elegibilidade mencionados e outros específicos do apoio a que pretenda aceder, poderá ter acesso às linhas de crédito covid-19 através do banco mencionado, ao qual caberá ainda decidir conceder ou não o financiamento de acordo com a sua política de risco de crédito". O NB, que confirmou o pedido de acesso à linha de crédito, indicou ainda que "não houve qualquer pedido de moratória" da MC. E diz mesmo que "a performance da Malo Clinic até ao surgimento do confinamento decorrente da covid-19 era positiva com receitas, resultados e liquidez crescente". Mas um relatório interno da empresa a que o Expresso teve acesso revela uma realidade algo diferente. Do início do ano até 8 de março a faturação da Malo Dental Care Portugal foi de €4,1 milhões, menos 14% do que no período homólogo e menos 23% do que o orçamentado. João Santos admite que os primeiros dois meses do ano foram mais fracos, justificando-o com os danos reputacionais do PER e das notícias que então saíram, mas garante que em março estava a recuperar. "Março deste ano estava a correr acima do ano passado, e já com primeiros sinais muito encorajadores da nossa aposta no turismo de saúde", conta o gestor da Atena. Com a pandemia, a MC foi obrigada a fechar em meados de março, e teve atrasos no pagamento de salários. A Atena avançou entretanto capital para cobrir as necessidades imediatas. Também propôs novos contratos de prestação de serviços aos médicos. Alguns não aceitaram e deixaram a empresa. Mas João Santos defende que com os novos contratos a MC "assegurou um honorário mínimo a todos os médicos durante estes meses em que não trabalharam e a empresa viu a sua receita cair para zero". Uma fonte da MC indicou ao Expresso que desde a saída de Paulo Maló e a entrada do novo acionista "foram sempre saindo pessoas". Pelo menos 22 médicos abandonaram a empresa. João Santos desvaloriza. "A rotatividade é algo normal em todas as empresas, em especial nas de maior dimensão como a MC, que conta com cerca de 350 colaboradores e 100 médicos. A entrada da Atena melhorou a gestão das equipas e a retenção de talento, o que permitiu manter todos os elementos-chave do corpo clínico", argumenta o gestor. Paulo Maló diz ao Expresso que até 2019, quando saiu, "os números estavam a subir", mas depois de o NB tomar a empresa e a entregar à Atena o negócio da MC se ressentiu. "O vírus não é a razão da queda da MC", afirma o antigo acionista. Com a reestruturação de 2019, a Atena assumiu o compromisso de pagar €25,4 milhões ao NB (dos €52,4 milhões devidos). Desse total, €10 milhões virão dos royalties que a MC recebe pelo uso de soluções inventadas pelo fundador. Os outros €15,4 milhões serão pagos em oito anos, a partir de 2021. Antes disso, no final deste ano a MC terá de pagar ao NB cerca de €1 milhão em juros. João Santos acredita na viabilidade da empresa. "A Atena está confiante de que o crescimento que a MC já estava a conseguir antes desta pandemia vai voltar", afirmou ao Expresso.
Malo Clinic volta a pedir ajuda ao Novo Banco
Malo Clinic volta a pedir ajuda ao Novo Banco Empresa teve perdão de €27 milhões em 2019. Nova gestão pediu agora acesso às linhas covid-19. A Malo Clinic, detida pelo fundo Atena Equity Partners, solicitou ao Novo Banco um financiamento por causa de problemas de tesouraria. Mas o crédito ainda não chegou. Malo Clinic volta a pedir ajuda ao Novo Banco Mais de 20 médicos abandonaram a empresa desde a entrada da Atena Equity Partners. O novo acionista desvaloriza e confia na recuperação Miguel Prado | Diogo cavaleiro | [email protected] A Malo Clinic (MC), que em 2019 obteve do Novo Banco (NB) um perdão de dívida de €27 milhões, voltou a pedir o apoio daquela instituição financeira. A empresa, agora detida pelo fundo Atena Equity Partners, solicitou ao banco um financiamento ao abrigo das linhas covid-19, para fazer face a problemas de tesouraria. Mas o crédito ainda não chegou à empresa. "As empresas que foram forçadas a suspender a atividade em virtude desta crise solicitaram generalizadamente acesso à Linha de Apoio à Economia Covid-19 junto dos seus bancos principais, e a MC não foi exceção. O Novo Banco aprovou um novo apoio financeiro à MC ao abrigo desta linha, sujeito à aceitação da sua candidatura pela SGM [sociedade de garantia mútua]", diz ao Expresso o presidente executivo da Atena, João Santos. A MC está à espera que a linha "volte a estar disponível, para que este apoio possa ser concedido", acrescenta o gestor. A MC também avançou para um lay-off, pela via normal, mas "não recebeu ainda qualquer compensação da Segurança Social". E uma empresa a cumprir um acordo de recuperação ou plano especial de revitalização (PER) pode ter a linha de crédito do banco que reestruturou a sua dívida? José Maria Corrêa de Sampaio, sócio da Abreu Advogados, explica que "se não se destinar a substituir o crédito objeto do plano de pagamento do PER, e se a empresa cumprir os requisitos de elegibilidade mencionados e outros específicos do apoio a que pretenda aceder, poderá ter acesso às linhas de crédito covid-19 através do banco mencionado, ao qual caberá ainda decidir conceder ou não o financiamento de acordo com a sua política de risco de crédito". O NB, que confirmou o pedido de acesso à linha de crédito, indicou ainda que "não houve qualquer pedido de moratória" da MC. E diz mesmo que "a performance da Malo Clinic até ao surgimento do confinamento decorrente da covid-19 era positiva com receitas, resultados e liquidez crescente". Mas um relatório interno da empresa a que o Expresso teve acesso revela uma realidade algo diferente. Do início do ano até 8 de março a faturação da Malo Dental Care Portugal foi de €4,1 milhões, menos 14% do que no período homólogo e menos 23% do que o orçamentado. João Santos admite que os primeiros dois meses do ano foram mais fracos, justificando-o com os danos reputacionais do PER e das notícias que então saíram, mas garante que em março estava a recuperar. "Março deste ano estava a correr acima do ano passado, e já com primeiros sinais muito encorajadores da nossa aposta no turismo de saúde", conta o gestor da Atena. Com a pandemia, a MC foi obrigada a fechar em meados de março, e teve atrasos no pagamento de salários. A Atena avançou entretanto capital para cobrir as necessidades imediatas. Também propôs novos contratos de prestação de serviços aos médicos. Alguns não aceitaram e deixaram a empresa. Mas João Santos defende que com os novos contratos a MC "assegurou um honorário mínimo a todos os médicos durante estes meses em que não trabalharam e a empresa viu a sua receita cair para zero". Uma fonte da MC indicou ao Expresso que desde a saída de Paulo Maló e a entrada do novo acionista "foram sempre saindo pessoas". Pelo menos 22 médicos abandonaram a empresa. João Santos desvaloriza. "A rotatividade é algo normal em todas as empresas, em especial nas de maior dimensão como a MC, que conta com cerca de 350 colaboradores e 100 médicos. A entrada da Atena melhorou a gestão das equipas e a retenção de talento, o que permitiu manter todos os elementos-chave do corpo clínico", argumenta o gestor. Paulo Maló diz ao Expresso que até 2019, quando saiu, "os números estavam a subir", mas depois de o NB tomar a empresa e a entregar à Atena o negócio da MC se ressentiu. "O vírus não é a razão da queda da MC", afirma o antigo acionista. Com a reestruturação de 2019, a Atena assumiu o compromisso de pagar €25,4 milhões ao NB (dos €52,4 milhões devidos). Desse total, €10 milhões virão dos royalties que a MC recebe pelo uso de soluções inventadas pelo fundador. Os outros €15,4 milhões serão pagos em oito anos, a partir de 2021. Antes disso, no final deste ano a MC terá de pagar ao NB cerca de €1 milhão em juros. João Santos acredita na viabilidade da empresa. "A Atena está confiante de que o crescimento que a MC já estava a conseguir antes desta pandemia vai voltar", afirmou ao Expresso.